Mais de cem mineiros caem nas mãos de golpistas por dia. De janeiro a agosto, 31 mil estelionatos foram registrados no Estado. O crime do “171” não para de crescer há quatro anos. Na conta, também entram os delitos praticados na web. A boa lábia e o apelo emocional usados pelos bandidos, aliados à fragilidade e até ganância das vítimas, ajudam a explicar o cenário, favorecido também pelo atual momento de crise econômica.

Ontem, mais um bando de aproveitadores foi descoberto pelas forças de segurança. Pelo menos oito empresas, com funcionamento no Centro da capital, lesaram dezenas de jovens que procuravam vaga no mercado de trabalho.

O grupo montou um esquema de recrutamento de fachada, oferecendo cursos de informática a R$ 600. Ao fim da capacitação, nada de emprego.

Responsável pelas investigações, Cláudia da Proença Marra, da Delegacia Especializada de Investigação de Fraudes de Belo Horizonte, disse que outros levantamentos sobre as empresas ainda estão sendo feitos.

Ao analisar os números de estelionato em Minas, a policial afirmou que o total de pessoas prejudicadas é maior. “Muita gente tem vergonha de admitir que foi trapaceada”, garante. Conforme a delegada, os golpes mais praticados são a abertura de contas e o falso boleto bancário.

Esse último, por muito pouco, não fez uma designer de interiores, de 37 anos, depositar dinheiro na conta de um bandido. Por e-mail, ela recebeu a fatura do plano de internet e TV a cabo. O falso documento tinha até o logotipo da empresa.

“Por isso, acreditei que era verdadeiro. Mas, quando fui fazer o pagamento, percebi que o nome era diferente e estava com desconto, informando que a fatura estava em atraso”. Desconfiada, a mulher ligou para a prestadora do serviço, que negou o envio do boleto.

Delegado aposentado e especialista em segurança pública, Elson Matos da Costa destaca o poder de convencimento dos estelionatários, que conseguem envolver a vítima em uma trama. Ele reforça que a internet tem sido cada vez mais usada pelos golpistas. “É mais uma opção para os bandidos”.

DUVIDE 
Especialistas são unânimes em afirmar que a melhor forma de fugir do estelionato é duvidando de vantagens mirabolantes. “A gente tem que desconfiar daquilo que é muito fácil”, afirma a delegada Cláudia da Proença Marra. Ela explica que, antes de se fazer uma compra ou fechar um negócio, é preciso informações sobre a oferta e até conversar com outras pessoas. “E nunca repassar documentos ou emprestar cartões para terceiros”.

Porta-voz da PM, o major Flávio Santiago reforça que a dica é duvidar. “Diante de todo e qualquer negócio, é preciso fazer perguntas, como se aquilo não é exagerado demais”.

PALAVRADOESPECIALISTA
Vários fatores podem contribuir para esses golpes. Tem um pouco de tudo, mas um deles é a crise econômica. O problema do estelionatário é que ele é bom de conversa e, com a lábia, consegue envolver as pessoas, principalmente aquelas com menos conhecimento, que acreditam na história inventada. Em muitas situações, a vítima também pode achar que está tirando vantagem da situação, quando, na verdade, está sendo enganada. A web é mais uma ferramenta que eles utilizam para enganar as pessoas. Por isso, em caso de menor desconfiança ou preço muito convidativo de algum produto, é melhor não realizar a compra e se certificar de que não está caindo em um golpe.

Elson Matos da Costa
Delegado aposentado e especialista  em segurança pública

Fonte: onorte.net