Em seis anos, foram 8.853 flagrantes ligados a maconha, crack, cocaína, ecstasy e LSD
09/12/2019 – 15h16
O número de apreensões de drogas em Montes Claros cresceu 57% nos últimos seis anos. Em 2013 foram 1.083 ocorrências. Em 2018, 1.704. Ao todo, neste período, foram 8.853 flagrantes relacionados a maconha, crack, cocaína, ecstasy e LSD na cidade.
Os dados são da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), obtidos via Lei de Acesso à Informação. De acordo com o capitão Lessa, da 11° Cia Independente da Polícia Militar, o maior número de casos envolvendo drogas na cidade está relacionado a um trabalho ostensivo realizado pela polícia.
“É fruto de um trabalho de longo período de repressão qualificada realizado pela PM nos quatro cantos da cidade”, afirma.
Segundo maior entroncamento rodoviário do país, Montes Claros vira também rota para o tráfico, o que aumenta as ações de combate. “É uma cidade-polo, que recebe pessoas de vários pontos do país. Nos últimos dois anos tivemos grandes apreensões também nas rodovias, por meio da Polícia Militar Rodoviária. Em 2017, por exemplo, realizamos a apreensão de mais de uma tonelada de maconha em Montes Claros, de uma carga com destino a Brasília de Minas”, cita o policial.
Lessa explica ainda que as forças de seguranças estão realizando ações em conjunto e investimento em tecnologia para obter sucesso no combate ao tráfico.
“Um trabalho integrado entre as polícias Militar e Civil e o Ministério Público, com trocas de informações no combate ao crime organizado, que sempre foi ligado ao tráfico de drogas”, analisa.
O policial lembra que as denúncias podem ser realizadas pelo telefone 181 e são extremamente importantes na luta contra o crime. “A participação social faz parte do nosso modelo de policiamento, cada vez mais inserido na comunidade. E quem denuncia no 181 não pode nem mesmo se identificar”, afirma.
ESTRATÉGIA
Apesar do aumento das apreensões de drogas, especialistas dizem que o combate a este tipo de crime requer outras ações.
“Sabemos que a droga continua a circular e vai continuar existindo para quem quiser consumir. Não há exemplo de ação repressiva no mundo que tenha dado conta de resolver a questão. Não se acaba com drogas só através da repressão”, afirma o sociólogo Luiz Flávio Sapori, que já ocupou o cargo de secretário-adjunto de Segurança de Minas e também já coordenou o Instituto Minas pela Paz.
“O crescimento das apreensões também está ligado ao aumento do tráfico que, por sua vez, está conectado ao sistema carcerário. É um ciclo. Ou seja, colocamos jovens primários nos presídios superlotados que são chefiados por facções criminosas. De lá, eles saem como soldados dessas organizações”, diz Négis Rodarte, advogado criminalista e conselheiro Estadual da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MG). “Todo discurso fácil é perigoso. Portanto, combater a criminalidade com aumento de reprimenda é mascarar a ineficiência do Estado na criação de condições mínimas de sobrevivência. A lei de drogas precisa ser revista. Há, inclusive, um debate forte na sociedade, que deve ser pautado pelo STF (Supremo Tribunal Federal), discutindo a descriminalização”, diz.
Com o Hoje em Dia
SAIBA MAIS
Na última quarta-feira, a PM realizou a formatura de 2.600 alunos do Programa Educacional de Resistência às Drogas (Proerd). As crianças fazem parte de 23 escolas municipais e estaduais de Montes Claros. Segundo o cabo Alan Mendes, instrutor do Proerd há oito anos, o projeto é uma das principais ferramentas na prevenção ao uso de drogas e violência.
“Consiste em uma parceria entre polícia, escola e família com a missão de ensinar aos alunos habilidades para a tomada de boas decisões, com o objetivo de conduzir os mesmos a uma vida segura e saudável”, detalha. Ao todo, o Proerd já atendeu mais de 220 mil alunos nas cidades norte-mineiras.
Fonte: onorte.net