Ex-presidente fez mea-culpa sobre crise no clube, voltou a criticar oposição, porém minimizou ações de Itair
06/02/2020 – 11h59
Sob a gestão de Wagner Pires de Sá, o Cruzeiro foi rebaixado para a segunda divisão pela primeira vez na história. Todavia, o que aconteceu dentro de campo foi apenas uma parcela da crise desencadeada na parte administrativa, com o clube vivendo a maior crise financeira desde sua fundação.
Com o sigilo bancário quebrado pela Polícia Civil, que investiga denúncias sobre falsificação de documentos, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro cometidos durante a antiga administração celeste, Wagner Pires se defendeu em entrevista à reportagem do Super.FC. “Desde o início das apurações da polícia, eu entreguei meu imposto de renda, os extratos bancários, minhas contas, tudo que eu poderia fornecer de informação a eles”, rebate o ex-presidente, que disse sequer saber que teve o sigilo bancário quebrado.
Wagner Pires voltou a citar o que ele considera uma “campanha cruel” da oposição como fator que derrubou sua gestão. Ele ainda acusou alguns conselheiros do clube. Segundo Wagner, eles teriam uma forte influência no judiciário. “Fizeram uma campanha cruel contra nossa administração. Vieram acusações levianas, apócrifas, a própria polícia mandou arquivar o processo. O que aconteceu é que tinha um pessoal lá dentro (do Cruzeiro) que era muito forte no judiciário. Só não erra quem não faz.
Procuramos fazer um time grande”, justificou Wagner. A cada semana uma nova descoberta do atual conselho gestor sacode os bastidores, revelando operações e contratos executados pela gestão Wagner Pires. A revisão do balanço de 2018, por exemplo, apontou para um déficit 170% maior que o apontado no antigo documento. Questionado pela reportagem sobre algum tipo de arrependimento na condução da parte administrativa, Wagner ponderou. “O Cruzeiro possui uma gestão muito presidencialista. Efetivamente, eu não tinha a expertise e tive que acreditar nas pessoas que eu confiava na época.
De repente, o time também parou e veio a queda para a Série B. Eu vou carregar essa cruz pelo resto da minha vida”, ressaltou. Ex-presidente minimiza ações de Itair Machado Apesar de admitir que acabou pagando por confiar nas pessoas que o cercavam, Wagner Pires minimizou a ação de Itair Machado, antigo vice de futebol. “Ele saiu do céu para o inferno em uma rapidez enorme. Quando estávamos ganhando ele era considerado o maior. Não podemos julgar por essa situação, as coisas aconteceram e não deram certo”, apontou o ex-presidente do Cruzeiro.
Wagner disse ainda à reportagem que não vê Itair Machado desde a demissão do dirigente em outubro, mas que eventualmente encontra Sérgio Nonato, ex-diretor geral do Cruzeiro e um dos nomes também envolvidos nas denúncias investigadas pela Polícia Civil, pelo fato de integrarem o conselho. Ontem, em carta, Wagner Pires comentou ainda que sua gestão buscou a transparência, alertando das dívidas herdadas e que todas as operações executadas estão disponíveis.
“O Cruzeiro é hoje o clube mais transparente do Brasil. Nossa contas, documentos, contratos e registros gerais estão nas mãos de todos os nossos conselheiros, do conselho fiscal, das polícias estadual e federal, do Ministério Público e, principalmente, da imprensa e rede social”, escreveu Wagner. Razão ao torcedor O ex-presidente do Cruzeiro comentou também sobre os questionamentos, ameaças e intimidações que recebe de torcedores em aparições públicas.
Wagner frequenta o Parque Esportivo do Barro Preto e também segue no conselho do clube. “O torcedor possui toda a razão. Mas desde o princípio, quando recebemos a administração, sabíamos da situação, expusemos ao conselho. Eles (torcedores) têm razão de cobrar, infelizmente o time não respondeu”, disse Wagner ao Super.FC. Ele, no entanto, vê como uma medida extrema o pedido dos torcedores, que cobram a sua saída do quadro de associados do Cruzeiro.
Wagner, no entanto, voltou a culpar a oposição no Cruzeiro. “Tenho uma vida dedicada ao Cruzeiro. Houve essa situação muito dificil, mas não vejo o motivo para isso. Claro que o torcedor está triste, infelizmente essas coisas aconteceram. Tenho 79 anos, ou seja, vou levar essa queda até o túmulo. Foi muito triste, até agora não encontrei explicação para tudo que aconteceu. Fomos hexa da Copa do Brasil e no outro ano tudo virou. A oposicão aproveitou essa queda e isso veio a me prejudicar”, salientou o ex-dirigente.
Fonte: otempo.com.br