Roger Machado completou quatro meses à frente do Atlético no domingo. Pouco tempo para implantar uma novo filosofia de jogo para o time. Tempo suficiente, porém, para erguer uma taça. Em meio a tudo isso, o treinador conviveu com a expectativa gerada em torno de um novo trabalho, as cobranças impiedosas do futebol brasileiro, e a celebração do primeiro título como técnico. Na decisão do Campeonato Mineiro, contra o Cruzeiro, Roger, de 42 anos, cumpriu uma importante etapa. Além do troféu do Estadual, valorizado pela rivalidade histórica, o triunfo garante segurança, lastro para seguir a caminhada. O Atlético sonha alto. O Campeonato Brasileiro e a Copa Libertadores são os alvos para o promissor técnico do futebol brasileiro.
Missão
Roger Machado assumiu o Atlético com missão clara: fazer do elogiado elenco do clube um grande time. Em 2016, o desequilíbrio defensivo da equipe custou caro. O treinador, então, chegou sabendo qual a prioridade. Nos primeiros jogos, o torcedor já observou um time preocupado em valorizar a posse de bola e pressionando o adversário em seu campo, duas das exigências de Roger para reorganizar o Galo. A estreia tardia na Libertadores também colaborou. Roger Machado ganhou tempo para ajustes.
Irregularidade
Porém, esse mesmo tempo se tornou adversário. Apesar de a base da equipe ser a do ano passado, o técnico precisou implantar sua proposta de jogo. Uma mudança radical na maneira de atuar do time com poucos meses de trabalho. Tudo isso disputando clássicos com o Cruzeiro, jogos de Libertadores. Ambientes propícios para cobranças. A irregularidade da equipe atraiu críticas.
Cobrança
A pressão veio junto com partidas decisivas, como nos 5 a 2 sobre o Sport Boys, quando o Galo, instável, esteve duas vezes em desvantagem. No jogo de ida contra a URT, no Mineirão, pela semifinal do Campeonato Mineiro, o Atlético dominou o rival nos 45 minutos iniciais. Mas falhou nas finalizações. Apático na etapa final, cedeu o empate. Surgiram as primeiras cobranças mais fortes ao trabalho de Roger. No compromisso seguinte, na derrota para o Libertad, no Paraguai, pela Copa Libertadores, o Galo travou no péssimo gramado, castigado pela chuva. Uma atuação para ser esquecida. Menos pelos torcedores. Na entrada da Cidade do Galo, um grupo cobrou raça dos jogadores antes da partida de volta contra a URT. Fato é que o grupo teve postura mais coesa diante do adversário de Patos de Minas, além de posicionamento tático equilibrado, vencendo por 3 a 0. Na semana seguinte, na véspera do duelo de ida da decisão do Campeonato Mineiro, uma torcida organizada protestou também na porta do Centro de Treinamentos.
Reação
O time cresceu com as cobranças. Os jogadores posteriormente mencionaram autocrítica. O lado estrategista de Roger aflorou no clássico. No Mineirão, o Atlético jogou para anular o Cruzeiro. O arquirrival, que costuma se dar bem em contra-ataques, teve posse de bola, mas Victor quase não foi exigido. O Galo pouco criou, mas foram dele as chances mais claras. O empate por 0 a 0 deixou a equipe alvinegra próxima da conquista. Antes da finalíssima, o Atlético foi à Bolívia encarar o Sport Boys, pela Libertadores. O esquema com três volantes deu sustentação à defesa e liberdade aos atacantes. Roger achou a fórmula para decidir contra o Cruzeiro. Repetiu a tática. Poderia ser campeão com o empate, mas derrotou o Cruzeiro, encerrou um jejum de oito jogos no clássico e ergueu a taça. A primeira de Roger Machado como treinador.
Novos desafios
É prematuro falar que o Atlético de Roger já encontrou o padrão desejado. Mas a conquista traz créditos ao trabalho do treinador. O Galo parte agora para disputas consideradas mais nobres e, ao mesmo tempo, com maiores obstáculos: Brasileiro e Libertadores. No sábado, o time estreia no Nacional contra o Flamengo, no Maracanã. Na terça-feira seguinte, recebe o Godoy Cruz no Independência. O confronto vai definir quem se classifica às oitavas de final em primeiro lugar no Grupo 6 da Libertadores.
Via Superesportes